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Peregrinos do Círio - Memórias, relatos e afetos de quem já viveu

Às vésperas da tão grandiosa manifestação de fé do povo belenense, o Círio de Nazaré, reunimos abaixo alguns registros afetuosos, em forma de depoimento e fotos, da gaúcha Sabrina Mosena que viveu a experiência MAGIS Peregrinos do Círio, em 2019. Dá um conferida!


“Pois há de ser mistério agora e sempre, nenhuma explicação sabe explicar. É muito mais que ver um mar de gente nas ruas de Belém a festejar. É fato que a palavra não alcança, não cabe perguntar o que ele é. O Círio é o coração do paraense. É coisa que não sei dizer, deixa pra lá. ” (Fafá de Belém)


No ano de 2019, como jovem voluntária do Centro MAGIS Amazônia, participei ativamente dos projetos realizados junto ao Centro Alternativo de Cultura e ao Centro MAGIS Amazônia. Foi um ano rico de experiências e aprendizados.
Creio que uma das tarefas mais difíceis é descrever a experiência que vivi no Círio de Nazaré. Palavras não conseguem alcançar e sintetizar uma vivência tão rica e tão profunda.
Iniciei minha jornada espiritual na sexta-feira à noite com o Auto do Círio, uma festa que mistura a arte, a cultura e a religiosidade popular. Fui peregrinando as estações do auto desde da Igreja do Carmo até o Largo dos Palácios, na praça Dom Pedro II. Ali eu experimentei a devoção fervorosa do povo paraense e sua pluralidade cultural.
A festa continuou e na manhã do dia seguinte (sábado) desci a avenida Presidente Vargas para chegar até o Arraial do Pavulagem, com meu chapéu de palha cheio de fitas coloridas para ficar bem “pávula” para o Arraial e assim poder cantar: “Do arraial que é do sol, do arraial que é da lua, do povo na rua, do meu guarnicê. ”



Na teoria, não existe corpo que aguente tanto festejo e celebração. Mas na prática, o coração vibra tanto com a força da devoção do povo paraense que o cansaço dá espaço para mais um momento de festejo e devoção mariana.
A hora da trasladação estava se aproximando. Meu corpo ainda não sentia tanto o cansaço. Ao retornarmos do Arraial do Pavulagem, descansamos algumas horas na Capela Nossa Senhora de Lourdes, comunidade dos Jesuítas, e depois partimos para a concentração junto com os demais romeiros (as). Com saída do Colégio Gentil Bittencourt, após a missa do sábado, saímos em caminhada rumo à Catedral, no percurso inverso ao do realizado na manhã de domingo, o chamado Círio de Nazaré.
A procissão iniciou, fui pouco a pouco sentindo o cansaço físico chegando, porém, a energia que brotava daquele momento dava ânimo e coragem para dar mais um passo a cada momento. “Ave, Ave, ó Senhora da Berlinda. Ave Maria este é meu grito de fé” fomos cantando no percurso e recebendo todo apoio com água e equipe médica composta por vários voluntários.


Passo por passo fui dando até que tive a graça de segurar a corda da Trasladação de 2019. Não pude aguentar por muito tempo devido o cansaço e o esgotamento físico. Ter caminhado puxando a corda desse momento tão ímpar em minha vida foi um marco em minha jornada espiritual.


Após algumas horas de procissão, chegamos na famosa Praça do Relógio, próxima a Catedral de Belém – PA e encerramos a trasladação de Nazaré de 2019 exaustos, molhados da água que refrescava durante o percurso, com os pés cheio de calos e bolhas, com a alma revigorada e o coração batendo forte com o povo paraense.
Finalmente, chegou o momento de descansar após esse itinerário de fé para no dia seguinte poder acompanhar a procissão do Círio de Nazaré, o retorno desde a Catedral até a Basílica de Nazaré.
E assim, após os festejos nas ruas era hora de celebrar com a comensalidade e com a partilha do alimento. Fui recebida pela família da dona Heliana Bordallo, ministra da Capela de Lourdes. Pude provar diversos pratos típicos da cultura paraense e mergulhar nessa experiência de fé, devoção e cultura popular do povo de Belém do Pará.

É difícil sintetizar tudo que pude vivenciar no mês de outubro de 2019 na terra do açaí, porém reverbera em meu coração a gratidão ao povo paraense por me permitirem mergulhar nessa experiência de fé ímpar em minha vida.
Minha eterna gratidão, Belém do Pará.
Sabrina Mosena Inacio
Porto Alegre, 02 de agosto de 2022

Agradecemos imensamente à Sabrina pela participação, contribuição, amizade e apoio ao nos ter escrito de forma tão singela, mas profunda e significativa, sua vivência durante a experiência. De modo muito fraterno, desejamos que, assim como Sabrina, mais jovens possam se sentir acolhidos e desejosos de viver conosco a experiência MAGIS Peregrinos do Círio: um convite para viver o Círio de Nazaré aos olhos daqueles que, com devoção, acompanham a imagem peregrina todos os anos como demonstração de amor e fé.

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